Fazer Jornalismo, com maiúscula, não é uma tarefa fácil. Dá trabalho na coleta de entrevistas e informações sobre o assunto em questão e exige dedicação e profissionalismo. Mas é, sim, possível a realização de um trabalho com relato crítico, compromisso primordial de uma reportagem honesta, como a do NYTimes sobre a real situação da Argentina no governo de Milei. O leitor percebe a realidade das coisas mesmo antes de acabar a leitura. E a história e seus arquivos fornecem a régua necessária para o leitor refletir e medir com precisão o conteúdo de uma reportagem, não há dúvidas.
Em setembro de 2018, quando trabalhava como repórter para o Estadão, fui pautado, como se diz em redação, para cobrir uma viagem do então candidato a vice-presidente de Bolsonaro, general reformado Hamilton Mourão, ao interior de São Paulo. Como fiz centenas de vezes nos meus quase 40 anos de lida no Jornalismo, cumpri a tarefa, por dois dias, acompanhando a viagem de campanha.
De posse do material apurado, produzi reportagem, fiel do que encontrei na viagem, que rendeu chamada de capa e da qual tenho orgulho muito especial pelo rigor do conteúdo e pelo que a história nacional, depois, acabou por revelar: a peculiar percepção de um candidato que via o país que pretendia governar, o Brasil, como um equino. "O País é um cavalo maravilhoso", dizia o general reformado. Deu no que deu.
(Atualizado com link para texto do The New York Times)
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